terça-feira, 21 de agosto de 2007

Narcotráfico

A área de fronteira é susceptível a uma série de interferências internacionais que podem gerar diversos tipos de problemas e conflitos: guerrilha, narcotráfico e presença de grupos religiosos que encontram receptividade entre índios, caboclos e as populações pobres das cidades. Vez por outra, descobrem-se novas ameaças na zona de fronteira. Em 2000, foi identificada a Associação Evangélica da Missão Israelita do Novo Pacto Universal que montou suas bases na margem peruana do rio Javari e chegou a fincar raízes em Tabatinga, onde já havia uma igreja com 60 fiéis. Esta entidade passou a preocupar a polícia colombiana depois que foram apreendidos armamentos, munição e rádios transmissores, com membros da associação. Desde então, suspeita-se de que este grupo esteja envolvido com a guerrilha colombiana.
A entrada de drogas no Brasil é feita através dos municípios de Tabatinga e Benjamin Constant, pois eles funcionam como pontos estratégicos para a entrada e transporte da droga até o Atlântico, de onde segue para outros países. Muitos dos presos em território brasileiro são agenciados como “mulas” (transportadores) por grupos internacionais. Na delegacia da Polícia Federal em Tabatinga, quase todos os presos são estrangeiros contratados para levar a cocaína colombiana para a Europa. A Polícia Federal do Brasil, através da Operação Cobra, também vem intensificando o policiamento nesta zona de fronteira.
Os guerrilheiros das Forças Armadas Revolucionárias de Colômbia (Farc) estão espalhados por mais de 1.000 quilômetros ao longo da fronteira entre São Joaquim, no extremo oeste da região conhecida como Cabeça-do-Cachorro, e Tabatinga. Normalmente, os acampamentos distam apenas 50 quilômetros do limite com o Brasil, forçando a população local a migrar para os centros urbanos regionais. Nenhuma das duas cidades, Letícia ou Tabatinga, estão em condições de receber os imigrantes peruanos, colombianos e até brasileiros, pois a infra-estrutura local é precária e aumentaria os problemas sociais, econômicos e ambientais na região.
A inquietação despertada pela Farc levou o Exército Brasileiro a implantar quatro centros de treinamento de recrutas em táticas antiguerrilha nesta área. Na ótica dos militares, a possível criação dos territórios do Alto Rio Negro e Alto Solimões, cuja capital seria Tabatinga aumentaria a presença militar na área e amenizaria estes problemas. O atual governo federal vem buscando aproximação com os governos da Venezuela, Colômbia e Guiana na tentativa de buscar parcerias para o combate ao narcotráfico.
O problema do narcotráfico está indissoluvelmente ligado à pobreza. Esta relação avança e se consolida em conseqüência de não haver nenhuma atividade econômica atual que substitua a antiga produção de borracha e a atividade madeireira, a qual sofreu um forte declínio na região em função da demarcação de terras indígenas e da forte ação repressiva do IBAMA. Além de envolver a população local em atividades ilegais, a presença de drogas na região também estimula o seu consumo, o que gera, desta forma, os problemas sociais decorrentes do uso de drogas.
Recentemente o Presidente da CPI da Câmara Federal, Luiz Ribeiro/PSDB-RJ, que investiga o tráfico de animais e plantas silvestres demonstrou preocupação que “pode estar havendo conexão entre o contrabando de peixe de couro do Amazonas e a lavagem de dinheiro oriundo do narcotráfico colombiano”, associado “à entrada e saída de peruanos e colombianos, que aumentaria o risco de perda de parte da região do Alto Solimões de maneira ordeira e pacífica”.