terça-feira, 21 de agosto de 2007

Aspectos Fisiográficos

O conhecimento dos principais aspectos fisiográficos relacionados ao meio físico e biótico é de extrema importância para o entendimento de muitas das características regionais. Desta forma, em seguida será apresentada uma síntese destes aspectos, com base no conhecimento regional acumulado. Cabe ressaltar que são informações provenientes de dados secundários de instituições nacionais geradoras do conhecimento de cada um dos temas e que existem poucos estudos detalhados nesta região.

Geologia

A região do Alto Solimões está quase que exclusivamente inclusa nos terrenos geologicamente relacionados as coberturas sedimentares de Idade Cenozóica (SUDAM/OEA, 1998). Na área são reconhecidas rochas pertencentes a unidades litoestratigráficas distintas, pertencentes à seqüência terciária-quaternária da Bacia do Alto Solimões (Formações Solimões, Içá e Amazonas). Litologicamente estas unidades são compostas por sedimentos finos, por vezes fossilíferos, pacotes arenosos, e arenitos arcoseanos inconsolidados, ricos em caulim. Completam este quadro geológico os terraços fluviais aluvionares recentes (Pleistoceno e Holoceno), que atingem localmente vários quilômetros de extensão lateral.
Dentre os recursos minerais atualmente explorados destaca-se a extração de argila, seixo e areia para uso na construção civil. Em escala de garimpagem existem alguns pontos de exploração intermitente de ouro no rio Jandiatuba e outros igarapés menores.

Solos

Os solos da região do Alto Solimões são muito pouco estudados detalhadamente o que dificulta o estabelecimento classes de aptidão agrícola e de sistemas adequados de manejo, principalmente se forem considerados os aspectos climáticos regionais, como a alta pluviosidade, regime de umidade, temperatura, horas de insolação, etc.. Com base no novo Sistema Brasileiro de Classificação dos Solos (EMBRAPA, 2000) na região são reconhecidos os seguintes tipos de solo: Podzolissolo Vermelho-Amarelo (geralmente associado aos terrenos da Formação Solimões), Podzolissolo Amarelo (derivados da Formação Içá), além de extensas áreas arenosas de Espodossolos Arênicos, geralmente associados a Neossolos Quartzarênicos e, sob influência da sedimentação holocênica, tem-se os Neossolos Flúvicos e Gleissolos, os quais apresentam, nos rios de maior porte, alta fertilidade natural.

Geomorfologia

De modo geral, a região do Alto Solimões apresenta relevos de dissecação e acumulação dentro das grandes unidades geomorfológicas regionais designadas de Planície Amazônica e Depressão da Amazônia Ocidental. São relevos planos a suavemente ondulados. A grande planície do rio Solimões, tem direção aproximada norte-sul desde as proximidades de Tabatinga até o limite com o município de São Paulo de Olivença. Os aluviões desenvolvem-se em ambas as margens (atingindo entre 15 a 25km de largura), onde assume direção leste-oeste e distribui-se preferencialmente em uma das margens. Após a sede municipal de Amaturá assume direção geral nordeste.

Hidrografia

O rio Solimões é o principal elemento da drenagem local, com largura média de 2km. Seus principais afluentes pela margem direita são os rios Javari, Jandiatuba e Jutaí e da margem esquerda pelos rios Içá e Tonantins, além de igarapés menores como o Tacana e Belém. O rio flui ao redor de um sistema de grandes ilhas (Ilhas do Cleto, Aramaçá, Arariá, Ourique, Caldeirão, Caturiá, Mataxiro, Melo, Grande, dentre outras), recortadas por furos, paranás, igarapés, lagos (Jatimane, Grande, Aguruí, Manacari, Taraguatuba). Outro importante sistema de drenagem é exemplificado pelo rio Içá, que corre com direção geral Leste- Oeste e tem como afluente principal o rio Puretê. No rio Içá são comuns feições meandrantes, paleocanais ou meandros abandonados áreas alagadas permanente ou temporariamente.

Clima

O clima da região é quente e úmido sem estação seca (tipo Af), conforme o sistema de classificação de Köppen. A umidade relativa do ar varia de 81 a 84%, enquanto que a temperatura média mensal varia entre 25 e 26ºc. A temperatura máxima anual é de 30º C. Em relação ao restante do território do Amazonas a região é caracterizada por elevado índice pluviométrico, variando na região de 2.800mm até 3.600mm anuais. As chuvas são bem distribuídas ao longo do ano.

Vegetação

Através de análise visual de produtos de sensores remotos pode ser observado claramente que esta região apresenta baixíssimos índices de degradação da sua cobertura vegetal original, já que as pressões antrópicas acontecem nas proximidades dos núcleos urbanos. Estudos anteriores realizados na região do Alto Solimões mostram que os grandes tipos de vegetação observados são: a Floresta Ombrófila Densa e Aberta, algumas manchas de Campinarana e suas variações (como entre rio Içá e Puretê) e Formações Pioneiras (buritizais e vegetação arbustiva de margens de rios e lagos). Fato marcante na região é a presença de extensas áreas ao longo da várzea do rio Solimões onde desenvolve-se dominantemente buritizais e outras palmeiras.